quarta-feira, 27 de março de 2013

A loucura por detrás da Ribeira das Naus


Este fim-de-semana foi inaugurada a primeira fase da Ribeira das Naus, junto ao Terreiro do Paço, em Lisboa. Como explicamos no livro Má Despesa Pública, à venda em todo o país, a obra devia ter sido concluída em 2010, coincidindo com as comemorações do Centenário da República. Tratava-se de um projecto da Frente Tejo, uma empresa entretanto extinta que pretendia mudar a zona ribeirinha da capital entre Santa Apolónia e Belém.


Aqui seguem excertos do caso apresentado no livro Má Despesa Pública: «É um caso que demonstra a sobreposição de competências e a multiplicação de estruturas do Estado. Em 2008, por decisão do Conselho de Ministros (Resolução n.º 78/2008) e sob pretexto das comemorações do Centenário da República, foi decidido promover um «conjunto de operações destinadas à valorização da frente ribeirinha de Lisboa, visando a modernização, reorganização e renovação daquele espaço urbano». (…) E foi em nome do «interesse público nacional» que voltou a ser planeada para Lisboa uma intervenção urbana com reminiscências de Expo’98, mas desta vez a área de actuação seria bem maior: ia de Santa Apolónia até Belém. A lista de obras era extensa e ia da renovação de praças, ruas e jardins à construção de novos edifícios. Foi através da Frente Tejo que se renovou o Terreiro do Paço. Mas a lista de obras inicialmente proposta era mais extensa e incluía a reabilitação da Avenida do Infante D. Henrique, entre o Campo das Cebolas e Santa Apolónia, a recuperação da Ribeira das Naus, a construção de um novo edifício para o Museu dos Coches, parques de estacionamento em Belém, o remate do Palácio Nacional da Ajuda ou a instalação da Escola Portuguesa de Arte Equestre. Nem a travessia subterrânea para peões junto ao Padrão dos Descobrimentos sairia incólume às obras da Frente Tejo: a passagem iria ser alargada. Ao todo, o orçamento para os projectos chegava aos 145 milhões de euros. E porque era preciso uma empresa para isto? A Frente Tejo seria uma «sociedade de capitais exclusivamente públicos, a qual disporá de poderes excepcionais, designadamente em matéria de contratação pública e de utilização, fruição e administração de bens do domínio público», lê-se na referida resolução do Conselho de Ministros. Em 2011 é anunciado o fim da empresa, com a responsabilidade das obras a ser entregue à Câmara Municipal de Lisboa, ao Turismo de Portugal e ao Ministério da Administração Interna. (…) A meta do 5 de Outubro de 2010 foi uma miragem.»

Nota: Apesar da inauguração da primeira fase, a avaliar pela imprensa, serão necessários mais oito meses para que a obra esteja concluída.

4 comentários:

  1. Porque não vão ver as contas bem feitas de luis filipe meneses.

    A câmara que ele preside é a 2ª mais endividada do PAÍS.

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    1. Sem estes fretes do (des)governo do país ao longo dos anos, e outros tipo "pagamento dos terrenos do aeroporto", há muito que a sua câmara teria falido, e sua cidade não passaria de uma aldeola do interior.
      Fazer flores com o dinheiro que não foi redistribuído pelo país, não é lá grande vantagem.

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  2. porque será que o caso Paulo Rangel só foi divulgado no facebook e ignorado aqui no site?

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  3. excelente trabalho para reflexao dos eleitores. esta deve figurar na coluna contra votar nos que la tem estado.
    a minha folha excell tem a coluna " nao voltar a votar neles" com seis vezes mais entradas do que a coluna "voltar a votar neles".Ja comprei um ecran maior e mesmo assim farto-me de fazer scroll para acrescentar mais entradas. a minha unica esperanca e que nas proximas eleicoes se vote noutra gente mais eficiente.

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